sábado, 21 de janeiro de 2012

O BIG BROTHER e outras drogas


Diante de tantas perguntas a respeito da minha quase participação no BBB 12 resolvi esclarecer coletivamente. No início do ano passado navegava sem rumo pelos mares salubres da internet quando me deparo com a oportunidade de inscrição neste programa. Em meio a tanto ociosidade de um dia de domingo na capital, sem dinheiro e sem carro para sair, decidi responder o questionário no qual se abordava desde a minha motivação em participar até a cueca que eu usava. Resumindo... Demorado, detalhado e um saco. Eis que pelas voltas de julho recebo um email convidando-me para participar da seletiva regional em Salvador. Prontamente fui a Bahia. Para minha sorte peguei uma promoção nas passagens aéreas, minha prima morava lá e meu tio estava visitando ela, fato este que foi de suma importância para a minha locomoção pela cidade, do aeroporto até o apartamento, do apartamento até o hotel onde ocorreram as entrevistas, do hotel até o apartamento após seis horas de espera nas entrevistas e com uma parada pra bebericar umas cervejas que ninguém é de ferro. E finalmente do apartamento ao aeroporto que por sinal é longe, muitíssimo longe de qualquer outra coisa de utilidade para os Soteropolitanos. Nas entrevistas salvadorenhas conheci algumas pessoas, tanto do monte pascal e adjacências como de outros estados, enquanto esperávamos a primeira rodada de entrevistas. Nesta primeira fase éramos entrevistados por uma única pessoa que vasculhava sua vida com base no questionário outrora respondido, fui sabatinado feito criança de quarta série, mas fui selecionado para outra etapa juntamente com mais dez pessoas entre 80 que estavam presentes neste dia. Nesta outra entrevista fomos novamente enquadrados, porem desta vez por uma equipe, com microfone, câmera e tudo mais. A ressalva que se faz necessária é que enquanto esperava a segunda rodada de perguntas, fiquei em uma sala com mulheres lindíssimas e com homens horríveis, mas que eram malhados, tatuados, sarados, tinham cabelo e não tinham barriga... Senti-me o excomungado. Eu tava parecendo um extraterrestre. Voltando a Paraíba nem recordava mais de BBB, quando no início de dezembro recebo uma ligação totalmente sigilosa informando-me que tinha sido selecionado para a cadeira elétrica no Rio de Janeiro. Ao chegar em terras cariocas com tudo pago pela produção, levaram-me para um mega hotel na Barra da Tijuca onde ficamos isolados em um quarto individual, sem ter contato com outras pessoas. Passei por uma psicóloga, tiraram minhas medidas, e lá fui eu para outra entrevista com boninho e sua equipe. Já passavam das 10 da noite quando vieram avisar que tinha sido selecionado para a outra fase que seria os exames médicos no dia seguinte. Nesta clínica passei pelos mais surtidos exames, bem como por outras duas psicólogas. Voltei do Rio crente que estava já com um milhão e meio no bolso, fazendo planos de investimentos e promessas pra todo mundo. A ilusão acabou no dia que anunciaram os nomes e voltou no outro dia com a ligação da produção convidando-me para assistir a estréia do programa ao vivo, novamente com tudo pago. Acreditei na possibilidade de voltar a estar com a dinheirama, mas tudo não passou do que prometeram, meros expectadores. Fica a experiência de ter passado por todas as etapas de seleção, as viagens e o check-up geral gratuito. Agora respondendo as outras perguntas, eu gosto do programa apesar de achar mal dirigido, e apesar de gostar eu não assisto. 

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Adriano e João Gabriel


Há “três meses” nasceu meu primeiro afilhado. E ainda atordoado pelo sentimento desigual de felicidade escrevo estas linhas. Porém, como uma história não se começa pelo fim, preciso refazer este caminho até aqui. Longe vai a data em que me tornei padrinho desta criança. Proclamei a bandeira da responsabilidade e me apoderei da “apadrinhagem”. Eis então que passo a relatar os meus motivos.  Ao sentar e olhar para trás depois de tantos anos percorridos entre alegrias e tristezas, o reconforto maior é poder acreditar nas amizades construídas. Verdadeiras fortalezas que nem mesmo o tempo poderá destruir. É poder abraçar e se sentir protegido. É ter a certeza de que nesta via de mão dupla, sempre nos encontraremos no meio do caminho. Mesmo que o caminho seja percorrido obrigatoriamente a 59 km/h ou voluntariamente a mais de 160. Não importa nem mesmo se a catapora tenta atrapalhar, a gente passa a maquiagem e segue em frente. No sentido até então totalmente desconhecido, pois aprender a dançar, a beber, a namorar requer prática; e as quedas fortuitas acompanhadas são mais fáceis de suportar. As histórias se repetem com os melhores amigos provavelmente há milênios, no entanto poucos possuem melhores amigos. Relatar tudo seria complicado, saudade é melhor guardada na prateleira do coração e uma amizade verdadeira é um bem para poucos. Por isso, a vinda de João Gabriel fortalece essa história e faz com que não sejamos esquecidos, mas prova principalmente que estamos apenas no início.


Ps: Apesar de não ser carta, vão algumas ressalvas:

1 - A foto com Adriano pelado tá meio estranha, mas em breve será atualizada.
2 - O blog ficou fora do ar alguns meses mas volta com tudo, a quem interessar.
3 - Os textos nem sempre são definitivos, sempre podem ser acrescentados e este com certeza será.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Legalização


A primeira união homoafetiva saiu da clandestinidade após o Supremo Tribunal Federal aprovar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Com a oficialização, os nubentes passam a ter direito de herança, planos de saúde e previdência. Intercalado com a liberdade sexual, a liberdade psicotrópica ganha ardores de uma guerra pública. Marchas se espalham pelos grandes centros a favor da Cannabis sativa, algo que de tão natural e difundido pelas grandes mentes pensantes nacionais passa a ter seu malefício reduzido apenas a fumaceira tão característica do cigarro. Na contramão do bom senso e da saúde, outro grupo luta pela legalização do aborto, uma busca por dignidade e liberdade corporal, mas transformada em ideologia religiosa. Eis que penso quão distante estamos da sociedade ideal. Bastaria apenas cada cidadão usar o bom senso, e obviamente como isto é querer demais, bastaria os legisladores, grandes estudiosos que são, terem bom senso. E quando digo bom senso não falo em nada que se relacione com preconceito ou a falta dele. Afinal de contas quem desejar também pode seguir o senhor Jair Bolsonaro e ser homofóbico ou racista ou católico e assim por diante. Digo apenas que sendo justo e digno de bom senso qualquer pessoa ter sua opção sexual, bem como qualquer mulher fazer o que bem entende com seu próprio corpo e neste caso específico vale uma ressalva, ser a favor da legalização não é ser a favor do aborto. Por fim, bom senso aos apologistas da maconha, quanta educação e controle social este país possui para liberar qualquer droga? Basta a droga da política praticada que renega futuro as novas gerações.

Ps: Mesmo não sendo carta, o bom senso repetido foi proposital.


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Paraíba


Ouvi falar que a Paraíba é a vergonha do nordeste. Por bons motivos eu poderia concordar. Moro a mais de uma década neste estado e vi de perto um retrocesso político, somente comparado ao querido Maranhão e seus Sarney`s. Entra governo, saí governo e nada muda. Na contramão da violência governamental está o povo paraibano, um povo realmente sem igual. Atencioso, prestativo, humilde e batalhador. Donos de uma simplicidade mal compreendida por seus próprios pares nordestinos. Sou pernambucano e me orgulho de assim o ser, sei o hino, sei a história, sei as falhas. Também sou paraibano e muito me agrada poder dizer isto, porem pouco sei sobre este estado. E este fato não se relaciona com o meu estrangeirismo, poucos paraibanos conhecem a Paraíba. O desconforto de ver uma cultura tão bela desprezada, materializa-se nos versos de Augusto dos Anjos, no batuque de Jackson do Pandeiro, nos livros de José Lins do Rego. Conheço este solo marcado a cada palmo do litoral ao sertão, da capital a caraúbas (cidade mais complicada de se chegar), são poucas as cidades que não vi a poeira levantar do chão, e em todas elas existia um paraibano para estender a mão. Diante de tanta dignidade, tento entender o motivo de tanto descaso. Que mal fez este povo, para merecer tanta ingratidão. Não me envergonha amar esta Paraíba, afinal de contas o que é o Estado, senão seu povo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Zé da Luz

Ainda no embalo da Poesia Matuta, Val Patriota declama majistralmente Zé da Luz

quinta-feira, 24 de março de 2011

Carta a Papai Noel

Luiz Campos

Seu moço eu fui um garoto,
Infeliz na minha infança,
Eu sube que fui criança,
Mas pela boca dos ôto,
Só binquei cum os gafanhoto,
Qui achava no tabuleiro,
Debaixo do juazeiro,
Cum minhas vaca de osso,
Essas catrevage seu moço,
Que se arranja sem dinheiro.

Quando eu via um gurizim,
Brincando de velocipe,
De caminhão e de jeep,
Bola, revóver e carrim,
Sentia dentro de mim,
Desgosto qui dava medo,
Ficava chupando o dedo,
Chorava o resto do dia,
Só pruque eu num pudia,
Pegar naqueles brinquedo.

E preguntei uma vez,
A uns fio dum doutor,
Diga fazendo favor,
Quem dá isso a vocês?
Me arrespondeu logo uns três,
_Isso aqui é os presente,
Que a gente é inocente,
Vai drumir, as vez nem nota,
Papai Noé vem e bota,
Perto do berço da gente!

Fiquei naquilo pensando,
Inté o natá chegar,
E na noite de natá,
Eu fui drumir me alembrando,
Acordei, fiquei caçando,
Por onde eu tava deitado,
Seu moço eu fui enganado,
Que de presente o que tinha,
Era de mijo uma poçinha,
Que eu mesmo tinha botado.

Saí com a bixiga preta,
Caçando os amigo meu,
Quando eles mostraram a eu,
Caminhão, carro, carreta,
Bola, revólver, corneta,
E trem elétrico inté,
Boneca, máquina de pé,
Mas num brinquei só fiz ver,
E resolvi escrever,
Uma carta a Papai Noé.

"Papai Noè é pecado,
Os outro lhe martratá,
Mas eu vou lhe arrecramá,
Uns troço qui ta errado,
Qui aos fio do deputado,
O sinhô dá tanto carrim,
Mas o sinhô é muito rim,
Que lá im casa num vai,
Pro certo num é meu pai,
Que num se alembra de mim!?

Eu já to certo qui você,
Só balança o povo seu,
E um pobre qui nem eu,
Você vê, faz qui num vê,
E se vê num sei purque,
Que aqui im casa num vem?
O ranchim a gente tem,
É pequeno, mas lhe cabe,
Pru certo você num sabe,
Que pobre é gente também?

Você de roupa incarnada,
Colorida, bonitinha,
Nunca arreparou que a minha,
Já tá toda remendada,
Seja mais meu camarada,
Pra eu não lhe chamar de rim,
Para o ano faça assim,
Dê meno pos fi dos rico,
De cada um tire um tico,
E traga um presente pra mim.

Meu endereço eu vou dá,
Da casa que eu moro nela,
Que eu moro numa favela,
Que o sinhô nunca foi lá,
Mas quando o sinhô chegá,
Que avistá uma palhoça,
Coberta com uma lona grossa,
E dois buraco bem grande,
Uma porta véia de frande,
Pode bater que é a nossa.